"A mente que se abre a uma nova idéia, jamais voltará ao seu tamanho original." Albert Einstein

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segunda-feira, 26 de abril de 2010

Você tem Medo de Quê? O Medo é Produtivo. Viva o Medo!

Você pode estranhar o título deste artigo. Afinal, como é que algo tão desagradável quanto o medo pode ser produtivo! Todos nós fazemos qualquer coisa para evitar essa incômoda sensação que faz suar frio, dispara o coração e aperta a boca do estômago. O medo, porém, tem um lado positivo: ele nos faz crescer, mudar e nos superar. O medo que chamo de positivo, claro, não é aquele cuja intensidade chega a paralisar, como pânico ou fobia. Falo do medo natural, do frio na barriga que todos nós temos em certas situações. Falo da mais visceral sensação humana, que nos faz tomar uma atitude diante de algo que nos ameaça. Assim, se pensarmos no medo como um mecanismo de proteção, não é difícil reconhecer como ele pode ser útil.
Uma das coisas que o medo faz é nos colocar em estado de alerta. Nossa atenção se volta inteiramente para a situação que causa temor; ficamos cautelosos para agir e evitamos cometer bobagem. Tudo o que fazemos com uma pontinha de receio, fazemos com mais cuidado. Quando temos que decidir sobre um assunto que não conhecemos bem, por exemplo, o medo de errar nos faz buscar informação, pedir a opinião de alguém - enfim, nos inspira a ser prudentes. Outro aspecto positivo do medo é que ele mobiliza. Temos uma tendência natural à acomodação e, se não sentíssemos nossa estabilidade ameaçada de vez em quando, talvez jamais saíssemos do lugar. Muita gente, aliás, parece ser mais motivada pelo temor de perder seu status do que pelo prazer de conquistar uma situação melhor. Basta bater um ventinho de crise no mercado e todo mundo trata de mostrar serviço por receio de ficar sem trabalho!
De fato, é mais negócio ter o medo como aliado do que como inimigo, utilizando a energia que ele gera como combustível para o crescimento profissional e pessoal. Você pode transformar o seu medo em desejo, em gana, em força para superar obstáculos, como fazem os adeptos de esportes arriscados. A diferença é que você não estará colocando em jogo a sua vida, e sim a equivocada idéia de que as coisas podem permanecer como estão eternamente, sem desafios, sem aprendizado, sem evolução.

Identifique o seu medo

O primeiro passo para quem deseja transformar seu medo em algo produtivo é reconhecê-lo. Você tem medo do quê? É um passo difícil, pois o que queremos mesmo é manter distância das situações que nos amedrontam. Chegamos até a negar para nós mesmos que sentimos medo! Mas é preciso olhar de frente para os nossos temores, pois só assim poderemos nos preparar para enfrentá-los e colocar em movimento a poderosa energia que eles geram - uma energia que, se bem aproveitada, pode nos levar ao crescimento e à superação.

Para ajudá-lo nesse reconhecimento, falaremos neste artigo dos medos comuns à maioria das pessoas, independentemente de sua carreira ou posição na empresa. São eles:
Medo de fracassar - Ele nos faz evitar experiências em que identificamos riscos, a possibilidade de que algo dê errado ou saia do nosso controle. A voz desse medo nos diz: "E se eu arriscar e me der mal?".
Mas quem ousa enfrentá-lo, consciente de suas capacidades e com passos bem calculados, pode descobrir que não era tão limitado quanto imaginava.

Medo de mudar - Nem sempre as mudanças se impõem a nós como opção, mas como algo que somos obrigados a acompanhar. Nossas empresas são compradas, fundidas, reestruturadas... e lá se vai a doce estabilidade. A voz desse medo nos diz: "E se eu não me acostumar?".
Mas não tem jeito: a mudança é parte do jogo e temos de desenvolver nossa capacidade de adaptação.

Medo do que os outros vão pensar - A preocupação em manter uma boa imagem no mercado é válida. A questão aqui é o tipo de imagem que se quer preservar: a de um profissional arrojado, que encara desafios, ou a do conservador, que não muda, não arrisca, não empreende...

Medo de não ser competitivo - Enquanto alguns medos nos travam, este nos leva a hiperatividade. Com o objetivo de desenvolver novas competências e estar constantemente atualizados, acabamos nos envolvemos com muito mais informações e atividades do que seria realmente necessário. É importante não se deixar dominar por esse medo e questionar: de tudo isso, o que realmente é importante para os meus objetivos profissionais e de vida?

Os medos do empregado

Algo que o funcionário teme é comprometer-se com as coisas importantes - como resultados, custos e prazos. Por não exercer uma função de liderança, ele tende a achar que basta fazer o que a chefia determina e pronto. Há nesse raciocínio a idéia de que é melhor não se comprometer com nada para não ser cobrado depois. Porém, cada vez mais as empresas valorizam os profissionais que se engajam no sucesso das equipes a que pertencem, assumem responsabilidades e ousam pôr a sua criatividade em prática.

Isso de ficar "em cima do muro" e não se comprometer é o que na verdade coloca o empregado mais perto da porta de saída da empresa. Outro medo é o de envolver-se na competição que está implícita em toda ascensão profissional. Há funcionários que evitam confrontar-se com colegas mais preparados e ambiciosos, pois temem sentir-se inferiorizados. Mas toda empresa tem seus tubarões, assim como possui chefes atentos para as qualidades de seus liderados. Se você tiver confiança em suas habilidades e exercê-las plenamente, seu potencial vai aparecer, apesar dos tubarões.

Por fim, o que também tira o sono do empregado é o medo de ficar defasado e ser substituído por alguém mais jovem, que acaba de sair da faculdade, entende tudo de computadores e não se importa em ganhar menos. Manter-se atualizado com as novidades de sua profissão é o mais indicado para combater esse medo - não para protegê-lo dos jovens turbinados que há no mercado, mas para modernizar a experiência profissional que é seu grande patrimônio.

Os medos do chefe

Certamente, o que mais estressa o profissional de nível intermediário da empresa é o efeito sanduíche, no qual o chefe se vê na difícil situação de atender às demandas de quem está abaixo (seus funcionários) e de quem está acima (seus superiores), tudo simultaneamente e, às vezes, conflitantemente. Para essa situação não terminar em esquizofrenia, a solução é pleitear autonomia administrativa para gerenciar o dia-a-dia da equipe e tratar com os superiores apenas o que realmente interessa para eles - ou seja, se as metas foram alcançadas.

O medo de delegar também assombra a imaginação do chefe. Se ele delega, deixa de ter controle sobre o assunto; se não delega, é sufocado pela necessidade de controlar tudo. O desafio, aí, é encontrar um meio-termo, repassando aos funcionários as responsabilidades que estão de acordo com suas possibilidades. Para que isso funcione, o chefe tem de conquistar a admiração e a confiança dos subordinados e proporcionar-lhes meios para que encontrem as soluções que precisam.

A pressão por resultados é outro aspecto atemorizante e também um dilema. O chefe suporta sofrer altas pressões da empresa por receio de parecer fraco ou hesitante; ao mesmo tempo, teme acabar estourando com tanta pressão. É como andar no fio da navalha o tempo todo. Só o que pode dar um fim a esses medos todos de uma vez é a coragem de recusar compromissos irreais e metas excessivas. A pressão faz parte do jogo, mas até certo limite - e só o próprio chefe pode conhecer o seu limite.

Como vencer o seu medo

Depois de identificar o seu medo, o que já é meio caminho andado para vencê-lo, você irá submetê-lo a uma análise com base nos questionamentos que coloco a seguir. Pergunte-se na ordem em que são colocados. Se ao fazer o primeiro questionamento você achar que encontrou a causa do seu medo, coloque em prática as dicas que dou para enfrentá-lo; se concluir que não é essa a causa do medo ou se a dica não for suficiente para combatê-lo, passe para o questionamento seguinte e assim por diante:

1. Esse medo é meu?

Certos temores que nos tiram o sono sequer são genuinamente nossos, mas adquiridos de pessoas pessimistas, que semeiam o pânico e a desconfiança. Ocorre também de nos identificarmos com o infortúnio alheio e acharmos que a próxima vítima da bruxa solta na empresa ou no mercado será um de nós. Se ao fazer esse questionamento você chegar à conclusão de que o seu medo foi incutido por outras pessoas, não é difícil tirá-lo da cabeça. Aprenda a separar o que é seu e o que é dos outros e não se deixe contaminar por coisas que não têm nada a ver com você.

2. Meu medo é do desconhecido?

Situações em que temos de fazer mudanças ou algo novo dão medo porque nos colocam diante do desconhecido. Suponhamos que você tenha sido indicado para tocar um novo projeto na empresa e esteja inseguro. O que fazer?

Primeiramente, evite a procrastinação e ataque a situação logo: quanto mais cedo fizer isso, melhor poderá preparar-se. Estude a fundo o projeto e reúna toda a informação possível sobre ele, não hesitando em pedir a colaboração de pessoas que possam ajudá-lo. Estar bem informado e preparado é a melhor estratégia para superar o medo do desconhecido.

3. Isso é medo ou falta de autoconfiança?

Por baixo do medo do desconhecido pode haver falta de confiança nas suas capacidades, o que gera aquele pensamento de "é muita areia para o meu caminhãozinho". Mas será que você realmente reconhece as suas capacidades? E se não se desafiar, como irá reconhecê-las? Autoconfiança se fortalece assim: permitindo-se enfrentar as situações que provocam medo. Você pode começar enfrentando pequenos medos, um de cada vez, e com isso ir aumentando a fé no seu taco.

4. Tenho medo de errar?

Se você encontra dificuldades para fortalecer a autoconfiança, seu medo de errar deve ser muito intenso. No fundo, no fundo, você acha que o erro o fará ser reprovado e ridicularizado pelos outros, e isso parece mortal. Mas o que está em jogo aí não é a sobrevivência e sim o orgulho, que o faz acreditar que precisa ser perfeito para ser aceito. Mas quem é perfeito neste mundo? Veja o grande absurdo que é o medo de errar, sendo que o erro é parte do aprendizado.

Já sabe o que tem de fazer? Deixe de lado o orgulho e permita-se experimentar. Tudo bem, seja cauteloso, informe-se, prepare-se, mas permita-se. E se o erro acontecer, paciência. Todo mundo tem o direito de errar, inclusive você. Lembre-se de que o medo, como tudo na vida, tem dois lados: se você o nega, ele o limita; se você o enfrenta, ele o liberta. O que você vai fazer com o seu?

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